Nos recentes capítulos exibidos, a novela A Viagem mostrou o falecimento da personagem Diná, sua chegada ao mundo espiritual e as dificuldades de adaptação à nova realidade. Apesar de para muitos parecer coisa de ficção televisiva, o mesmo se dá com muitas pessoas após sua desencarnação. Assim como cada indivíduo é único, a desencarnação (falecimento) se processa de forma diferente para cada um, mesmo em situações de mortes coletivas como em queda de avião, por exemplo.
Conforme nos informam as entidades autoras de O Livro dos Espíritos, após deixar o corpo físico o espírito passa algum tempo confuso sem dar-se conta do que aconteceu. Acha-se um pouco atordoado como quem despertou de profundo sono. Esse estado de perturbação varia de acordo com o grau de evolução de cada um. Para uns, esse despertar é calmo e proporciona uma sensação deliciosa, mas para outros é bem diferente, cheio de terror e angústia, semelhante a um terrível pesadelo. Há casos em que tomam pé da sua condição de libertado da matéria quase imediatamente. São aqueles que quando ainda viviam na Terra se identificavam com o estado futuro que os aguardava, fazendo parte do time que compreende não ser o túmulo o fim da vida. Já os que eram excessivamente apegados à matéria, não vendo nada de importante além dela, resistem numa luta que pode durar de meses a até muitos anos, teimando em reter a vida material. Em casos de morte violenta, o espírito fica surpreendido, espantado e não acredita estar “morto”. Teimoso, sustenta que não está. No entanto, vê o seu próprio corpo, reconhece que é seu, mas não compreende que se ache separado dele. Acerca-se das pessoas a quem estima, fala-lhes e não percebe porque elas não o ouvem. Não é difícil explicar. Surpreendido repentinamente pela morte, o Espírito fica atordoado com a brusca mudança, além de sempre ter considerado a morte como o equivalente a destruição. Então já que vê, ouve e pensa tem a sensação de não estar “morto”.
Para facilitar nossa transição ao mundo espiritual faz-se necessário esforço pela própria melhoria, corrigindo as más tendências, já que o pós-morte depende das nossas atitudes nesta existência. Como sugere a obra Céu e Inferno (Allan Kardec), para se identificar com a vida futura não basta acreditar que ela existe, é preciso compreendê-la sob um aspecto adequado para a razão, de acordo com a lógica, o bom senso e a idéia que se faz da grandeza, da bondade e da justiça de Deus. “De todas as doutrinas filosóficas, o Espiritismo é a que exerce, a respeito, a mais poderosa influência, graças à fé inabalável que proporciona. (...) Não é certamente indispensável para se chegar a esse resultado nem tem a pretensão de ser o único a assegurar a salvação da alma, mas facilita, pelos conhecimentos que proporciona, pelos sentimentos que inspira e pelas disposições que dá ao espírito, fazendo compreender a necessidade de melhorar-se”. Assim se deu com o personagem Otávio da novela inicialmente citada, que foi preparado ainda na vida terrena e, já no outro plano da vida, contribuído significativamente para que Diná começasse a aceitar sua nova condição: espírito imortal.