Instruí-vos

Quando o Espírito de Verdade enunciou os dois mandamentos dos espíritas – amar e instruir-se – estava fazendo referência não apenas ao que é essencial para a ascensão evolutiva, mas aos únicos bens que realmente possuímos, e que são as únicas coisas que levamos na bagagem ao retornarmos à Pátria Espiritual.
De fato, todos os bens que possuímos são, em verdade, depósitos de Deus que devem contribuir para a nossa felicidade ao se converterem em benefício para os que carecem. Somos depositários, como os servos da parábola dos talentos.
Nossos verdadeiros bens são a capacidade de amar e a inteligência aliada à cultura. E mesmo esses bens só foram conquistados através das oportunidades que a justiça e a bondade de Deus possibilitaram. Devemos tudo a Ele.
Os companheiros não-espíritas se admiram da dedicação dos espíritas aos estudos. Acham peculiares que nossas salas de reuniões públicas se assemelhem a salas de aula, e não a templos. De fato, depois do Cristianismo primitivo, somente as nascentes religiões protestantes haviam apresentado o fenômeno do estudo das escrituras sagradas por parte dos crentes, e não somente dos sacerdotes. Ao destituírem a figura do vigário de seu papel de intermediário, como o próprio nome diz, o povo pôde, com o auxílio dos mais experientes, ou pastores, deter-se na letra dos testamentos, compreendendo e elevando seus conceitos.
Mas mesmo entre os espíritas, muitos não dão a devida importância aos estudos. Alguns acham até desnecessário – preferem, e se satisfazem, com a prática. Mas prática sem orientação é prática cega e extremamente vulnerável aos escolhos, entre os quais Kardec indica os piores: a obsessão e a mistificação. O estudo, portanto, tem o papel de prevenir contra as dificuldades e orientar sobre o que fazer diante desse ou daquele percalço.
Entretanto, não é apenas a aquisição de cultura o fim dos estudos.
Há, por assim dizer, um reflexo prático que o indica mesmo como uma das atividades essenciais no desenvolvimento mediúnico e no tratamento da obsessão. O ato de estudar, e estamos falando de estudo de matérias elevadas, dignificantes faz com que exercitemos a concentração, o raciocínio e elevemos nosso padrão vibratório. Assim, ao estudarmos, aumentamos a nossa capacidade de perceber a influência salutar dos benfeitores espirituais e, aumentando nosso padrão vibratório, além de possibilitar, no caso dos médiuns, o intercurso com as esferas mais altas, colocamo-nos a salvo da influência dos Espíritos que transitam na inferioridade.
A instrução também é uma necessidade na prática do bem. Somente uma mente bem orientada é capaz de distinguir o que deve do que não se deve fazer. E como prevenção dos preconceitos, o estudo faz que sejamos mais justos na condução de nossos atendimentos. É, portanto, necessário que qualquer trabalhador, em especial o que lida com atendimento fraterno, esteja atualizado e atualizando-se, porque somente assim poderá orientar com certeza aqueles que pedem uma palavra e um ombro amigo.
“Instruí-vos”, eis o segundo mandamento. Abel Gomes, benemérito precursor do Espiritismo em Minas Gerais, alerta para a necessidade do estudo em comunicação dada no final dos anos 90. Porque haverá, segundo ele, uma verdadeira torrente de médiuns não-espíritas desorientados que acorrerão aos Centros para a devida educação mediúnica. Precisamos, então, estar preparados para recebê-los.

Fonte: “O IMORTAL” Jornal de Divulgação Espírita, Edição de Março de 2009
Contribuição: Maury Maia
CELESFA

Centro Espírita Luz da Esperança de São Francisco de Assis

1 Comentários

  1. Peço ao Pai que eu seja capaz de encarar os estudos sobre a doutrina com total seriedade e dedicação. Muitas vezes esqueço que este é o verdadeiro objetivo.
    Beijos mil!!!

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