Pergunta o leitor minha opinião sobre movimentos carismáticos e pentecostais, que atraem multidões com práticas religiosas inusitadas:
- exercícios físicos e danças permeando o culto. A "aeróbica do Senhor".
- demonstrações de fé a partir de substanciais doações para os serviços religiosos. Jesus, o caminho; templo, o pedágio.
Considerando o respeito devido à liberdade de consciência, há por que criticar os que buscam a realização de seus anseios de felicidade e paz, integrando-se nesses segmentos religiosos.
Preferível estar no interior das igrejas e templos do que consumir pinga no bar, futricar a vida alheia, lesar o próximo... Quanto mais gente ligando-se à religião, menos gente comprometendo-se com o erro, o vício, o crime...
O grande perigo é o fanatismo. Este é terrível! Gera lamentável discriminação, com a falsa idéia de que determinada seita tem o monopólio da verdade e que as demais devem ser veementemente combatidas, até mesmo com o exercício da força, como ocorre, ainda hoje, em alguns países.
Felizmente, não chegamos a esses extremos no Brasil. Não está de acordo com a índole pacífica do brasileiro. Quando muito, limitam-se os radicais a críticas gratuitas, como dizer que nós, espíritas, temos parte com o coisa-ruim.
Ah! Abençoado esse demônio, que nos recomenda cumprir integralmente as lições de Jesus, estendendo o Bem ao redor de nossos passos!
Mas essa é outra história...
Forçoso admitir que os movimentos pentecostais e carismáticos fazem mais sucesso que o Espiritismo.
É bem mais convidativo buscar as graças divinas com práticas exteriores e doações aos serviços religiosos do que assumir indesejáveis compromissos.
Começa pela obstinada orientação espírita:
- É preciso estudar; estudar muito, estudar sempre!
Que enjoamento! ...
E mais: se você, leitor amigo, dispuser-se a observá-la, logo perceberá que a Doutrina Espírita gira em torno de indeclinável renovação de atitudes, de comportamento.
Isso está evidente nas máximas de Allan Kardec:
- Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que empregue no sentido e domar suas más inclinações.
- Fora da caridade não há salvação.
- Trabalho, solidariedade e tolerância.
Você ficará sabendo que seus males, dores e atribulações são decorrentes de suas mazelas, vícios, paixões... Portanto, se espera por uma situação melhor, é preciso que combata isso tudo, supere o egoísmo, aprendendo a sacrificar-se em favor do bem comum.
Há quem não goste:
- Quero cura para meus males. Recomendam-me trabalhar pelos indolentes que estagiam na necessidade por culpa própria!
- Quero me livrar de tormentos íntimos. Falam em perdoar o cretino que me prejudicou!
- Quero ter um pouco de paz no lar. Informam que preciso compreender a alucinada que tenho por esposa!
- Quero melhorar minha condição profissional. Aconselham-me a encarar com seriedade e dedicação meus deveres!
- Quero sarar do mal que me aflige. Dizem que devo disciplinar minha vida!
- Barra pesada! Assim não dá!
Mas há um detalhe a ser ponderado:
Mais cedo ou mais tarde, aprenderemos que, independente de nossa crença, os caminhos para Deus passam necessariamente pela vivência desses princípios consagrados pela Doutrina Espírita.
Resumindo:
Você vai ter que "ralar", empenhar-se com dedicação e afinco em favor da própria renovação, um apóstolo Paulo em potencial, capaz de proclamar, alhures, em tempo breve, digamos, alguns séculos:
- Já não sou eu quem fala, mas o Cristo que vive em mim!
Richard Simonetti
Tags:
Artigos Espíritas