Ah,
a humildade! Dele tanto se fala, e tão pouco se pratica. Ela que tanto
cobramos dos outros, mas não desenvolvemos em nós mesmo. A humildade,
essa menina serena que permite que tantos outros sentimentos cresçam ao
seu lado, trazendo consigo a compaixão, o amor, o respeito, a
compreensão e a tolerância. Humildade... palavra simples de significado
grandioso e de prática difícil para nós enquanto moradores da matéria
grosseira e suscetível que nos envolve.
“O
espiritismo vem sancionar a teoria pelo exemplo, mostrando-nos grandes
no mundo dos Espíritos aqueles que eram pequenos na terra e muitas vezes
bem pequenos aqueles que na terra eram os maiores e os mais poderosos. É
que os primeiros, ao morrer, levaram consigo aquilo que faz a
verdadeira grandeza no céu e não se perde nunca: as virtudes; enquanto
os outros tiveram de deixar o que constituía sua grandeza na terra e que
não se leva: a riqueza, os títulos, a glória, a nobreza de nascimento;
nada mais possuindo, chegam ao outro mundo privados de tudo, náufragos
que perderam tudo, até as próprias roupas; conservaram somente o orgulho
que torna sua nova posição mais humilhante, pois veem acima deles e
resplandecentes de glória os que eles espezinharam na terra. O
espiritismo nos mostra outra aplicação desse princípio nas encarnações
sucessivas, onde aqueles que foram de elevada posição numa existência
são rebaixados à última classe numa existência seguinte, se tiverem sido
denominados pelo orgulho e pela ambição. Não procurem, pois, o primeiro
lugar na terra, nem se coloquem acima dos outros, se não quiserem ser
obrigados a descer; procurem, ao contrário, o lugar mais humildade e
mais modesto, pois, Deus saberá muito bem conceder-lhes um mais elevado
no céu, se o merecerem” (''O Evangelho Segundo o Espiritismo'', Capítulo VII, item 6).
Ser
humildade nos leva a valorizar, de forma instintiva, o que realmente
importa na nossa existência: os sentimentos verdadeiros e as boas
atitudes. De nada importam nossos títulos, nossos bens materiais, já que
nada disso seguirá conosco à nossa morada-mãe. Claro, se nossas
riquezas e títulos tiverem como destino a caridade, o bem ao nosso
próximo são de grande valia em nossa existência terrena, mas pura e
simplesmente aqui, pois conosco irão apenas os sentimentos que nos
impeliram a dividir aquilo que tínhamos em abundancia na Terra, seja
material ou intelectual.
“A
humildade é virtude muito esquecida entre vocês; os grandes exemplos
que lhes foram dados são muito pouco seguidos e, no entanto, sem
humildade podem ser caridosos com seu próximo? Oh! Não, pois, esse
sentimento nivela os homens, dizendo-lhes que são todos irmãos, que
devem se auxiliar mutuamente e os induz ao bem. Sem a humildade, só se
ornam com virtudes que vocês não têm, como se vestissem um hábito para
esconder as deformidades do corpo. Lembrem-se daquele que nos salvou;
lembrem-se de sua humildade que o fez tão grande e o colocou acima de
todos os profetas” (''O Evangelho Segundo o Espiritismo'', Capítulo VII, item 11).