PRECONCEITO: [do Latim praeconceptu] S.m. 1- conceito ou opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos; ideia preconcebida. 2- Julgamento ou opinião formada sem se levar em conta os fatos que os conteste; prejuízo. 3- P.ext. Superstição, crendice, prejuízo. 4- P.ext. Suspeita, intolerância, ódio irracional ou aversão a outras raças, credos, religiões, etc. (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).
O preconceito é característica de pessoas afoitas no julgar, inconsequentes, levianas e profundamente imaturas espiritualmente. Revela-se por atitudes hostis que podem desencadear agressões físicas e morais. Pode também se manifestar pelos pensamentos. Assim, muitas vezes não o revelamos por palavras, mas o revelamos por pensamento: Que gorda! Que magricela! Que roupa fora de moda! Que linguajar caipira… etc.
O preconceito está enraizado no ser humano tal qual o egoísmo, a maledicência, a inveja… e por mais que afirmemos não sermos preconceituosos, vamos constatar que bem lá, nas regiões abissais da alma, disfarçadinho, dissimulado, ele impõe seu jugo.
O preconceito racial, por exemplo. Se interrogarmos alguém, ele vai dizer que, absolutamente, não é racista; que entende a igualdade de todos perante Deus e que a cor da pele não confere superioridade ou inferioridade à criatura.
Poderá até estar sendo sincero naquele momento, mas se algum negro se aproximar, inconscientemente, ele leva a mão ao bolso num sinal de desconfiança. E, enquanto ele vigia o negro, o branco lhe surrupia a carteira.
O policial vê um negro e um branco. Quem ele vai abordar? Já sabemos a resposta.
Incoerentemente, constatamos que negros também podem ser racistas. É que, talvez, o estigma do passado, todo sofrimento de terem sido explorados como animálias, tenham-se-lhes ficado impregnado na alma. Hoje, infelizmente, por mais que se negue, ainda o preconceito contra eles é muito evidente.
Podemos acrescentar também os homossexuais que sofrem desse mal descaridoso e descabido. Os preconceituosos chegam ao absurdo de agredi-los com palavras insultuosas e até com a morte, numa covardia e desumanidade sem precedentes.
Lembremos, ainda, o preconceito contra a mulher. No passado, ela valia menos do que um animal somente por ser mulher; era aceita apenas como procriadora. Os direitos eram sós para os homens. Elas tinham apenas obrigações. Hoje, se a mulher conquistou o seu espaço, foi porque a sociedade precisou de mão de obra barata; porque precisava-se executar trabalhos que os homens desprezavam e, acima de tudo, porque teve acesso aos estudos.
Percebemos que, mesmo na atualidade, com tantas conquistas, em qualquer profissão, executando o mesmo trabalho, o salário do homem é – salvo raríssimas exceções – superior ao da mulher.
Na Idade Média, era tal o preconceito contra a mulher que se questionava se ela realmente tinha uma alma.
Infelizmente, ainda hoje, principalmente nos países do Oriente Médio, a mulher sofre preconceitos de toda ordem. É considerada inferior e de pouco valor. Ao homem, tudo e à mulher apenas o direito de respirar para continuar viva como serviçal da família e ou do marido.
As Leis nesses países divergem de forma vergonhosa, sempre beneficiando o sexo masculino e estigmatizando o feminino.
Porém, de todos os preconceitos, o religioso é o mais incoerente e absurdo. Despreza-se uma pessoa porque ela professa uma religião contrária à do outro. Então, no passado, tivemos as perseguições da igreja católica contra os protestantes. Quem não conhece a matança daquilo que ficou conhecido na História como a noite de São Bartolomeu? Quantos perderam a vida em nome de um preconceito absurdo onde se pretendeu afirmar a supremacia de uma religião à outra com um processo tirânico e totalmente contrário ao Cristianismo? E o que não dizer das Cruzadas em nome de Deus? Das mortes nas fogueiras? Das perseguições sanguinárias àqueles que eram acusados de heresia?
E os primeiros cristãos de Roma, de Jerusalém, perseguidos e caçados para morrerem no circo, devorados por leões? Porque abandonaram os deuses pagãos para seguir o meigo rabi Jesus, gerou-se um preconceito que levou muitos a perderem a vida.
Mesmo o Espiritismo foi perseguido pelo preconceito; taxado de demoníaco até a bem pouco tempo. Ainda hoje percebemos que há muita desinformação geradora de preconceitos por parte de pessoas que se põem a falar sem o menor conhecimento de causa.
Um lugar existe que, com certeza, o tempo parou: Em alguns países do Oriente Médio. Lá, o preconceito religioso é qualquer coisa de insano. De absurdo. De demência total. Algumas vertentes do Islamismo realizam atos de terrorismo a fim de impor sua religião; seu “Deus” sanguinário. Matam inocentes, civis e militares, com uivos de “Deus é grande”. E se suicidam, pois acreditam que matar ou morrer pelo seu Deus, é um agrado que lhe fazem e por isso entrarão no seu reino e terão muitos prazeres disponíveis, conquistados pela prova de amor e confiança que demonstraram promovendo a morte de inocentes e a sua própria.
A bem da verdade, por trás da maioria desses preconceitos e levando-se em conta os ataques terroristas dos últimos tempos, há sempre a mão da política interesseira que fanatiza os fiéis a fim de conseguir o que pretendem. Ignoram que todos nossos atos geram consequências que nos atingirão a qualquer momento. Lei de Ação e Reação. Causa e Efeito. Não há como driblar a Lei Divina.
Amigos leitores, já estamos vivendo o 3º. Milênio. Já estamos cansados de guerras, sangue, ignorância e preconceitos. É o momento de buscar mais sabedoria e cultura espiritual e consubstanciá-las em nosso íntimo. Vivenciá-las. Repudiar todo tipo de julgamento, de intolerância contra nossos irmãos e, principalmente, não esquecer as sempre atuais palavras de Jesus: “Ama teu próximo como a ti mesmo”.
Lourdes Gagete é autora da Mundo Maior Editora. Publicações: A Quarta Cruz; Tininha, a Gotinha D’ Água em Defesa do Meio Ambiente, Marcados pelo Passado- O Amor Foi Mais Forte.