três Reis Magos |
“E, tendo nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do Rei Herodes, eis que uns Magos vieram do Oriente a Jerusalém, perguntando: Onde está o Rei dos Judeus, recém-nascido? Com efeito, vimos a sua estrela no Oriente, e viemos a adorá-lo.” Mateus 2:1-2
O evangelista, Mateus, o único que relata a visita dos Magos a Jesus, e, no seu relato, ele não diz quantos eram os Reis Magos, nem mesmo o nome deles.
Sabemos apenas que eram mais de um, pois ele faz a citação no plural.
Diziam-se guiados por uma estrela e vinham render-lhe homenagens.
Mateus, também não os nomeia Reis, mas, Magos. Não há nenhuma referência à suposta condição de Reis, como são conhecidos.
Eles desenvolviam as ciências naturais, a medicina, a astronomia e o culto.
Os Magos recebiam o título de sacerdotes e sábios. Isto lhes conferia muita influência sobre a sociedade. Os Reis também os recrutavam para que fizessem parte do seu conselho.
De onde vieram os Magos? Não se sabe ao certo, entretanto, três lugares disputam a honra de ter sido o berço desses notáveis personagens: a Pérsia, a Arábia e a Caldeia.
Qual Era os Nomes dos Reis Magos? Mateus, não informa especificamente os nomes dos Magos do oriente. A tradição os chamou Melchior, Gaspar e Baltazar, representando três raças – a semítica, a branca europeia e a negra.
Melchior era o mais velho, barba e cabelo longo grisalho, trouxe ouro.
Gaspar, o jovem, sem barba e loiro, trouxe a mirra. Baltazar, o negro, totalmente barbado, trouxe o incenso.
O Medo de Herodes
A Palestina era governada por Herodes, o Grande.
Quando chegaram a Jerusalém, os Magos, primeiramente, visitaram Herodes, o Rei da Judeia, e, perguntaram quem era o Rei que tinha nascido, pois tinham visto aparecer a sua estrela. Em contato com os Magos, ao ouvir notícia do nascimento de uma criança que seria coroada Rei dos judeus, Herodes sobressaltou-se. Seu poder estava ameaçado!
Astuto, tratou-os com gentileza e lhes recomendou que partissem a procura do menino que, segundo a profecia, estaria em Belém. Na volta, que o informassem.
Pretendia visitá-lo.
Certamente a estrela não fornecia uma localização exata, então eles se dirigem à capital do país, em Jerusalém. Porém após perguntarem pelo Messias, logo se espalha esta notícia que chega ao conhecimento de Herodes.
Herodes, rei tirano, sanguinário, odiado por seus súditos, que só estava no trono por uma vasta trama de alianças com os romanos, já havia praticado atos de extrema violência por muito menos. Ele se desespera ao saber que tinha um “rival” poderoso, predito pelas profecias.
Herodes temia ser destronado pelo Messias e planeja uma forma de combatê-lo antes que este se tornasse poderoso o suficiente para vencê-lo. Herodes convocou todos os seus sacerdotes e escribas para que descobrissem o local do nascimento do Redentor.
Herodes fingindo ser também um súdito do Messias, escondendo suas reais intenções sanguinárias, envia os Magos a Belém, a fim de saber onde estava o Salvador, e assim, aniquilar o que ele pensava ser uma ameaça ao seu reino temporal.
Sabendo agora a direção a seguir, os Magos tiveram uma maravilhosa surpresa ao saírem de Jerusalém. À noite, brilhava diante deles, novamente a estrela, cujo brilho mostrava-lhes o caminho seguro a trilhar.
A certo ponto da caminhada, a estrela se detém, e eles entendem que era ali que estava o Rei, a quem de tão longínquo país tinham vindo adorar.
Felizes, adoraram a Jesus. Os Magos reconheceram a sublime origem e a divindade de Jesus.
Nem sua pobreza, nem a simplicidade do lugar foram capazes de esfriar a fé dos Magos. O costume oriental os impedia de que se aproximasse de uma grande personalidade, sem nada para oferecer.
Por isso os Magos oferecem a Jesus, presentes como uma forma de homenagem em sua plenitude de fé.
Os presentes – ouro, incenso e mirra, esta última é uma planta de cuja casca sai uma resina de aroma agradável, porém de gosto amargo, usada na antiguidade como incenso, remédio, e, que também podia ser usada para embalsamar cadáveres.
Simbolicamente: o ouro representa autoridade sobre as coisas materiais; o incenso, autoridade sobre as coisas espirituais; e, a mirra, poder e autoridade sobre as enfermidades e sobre as questões materiais e espirituais; o bálsamo usado para aliviar o sofrimento do povo.
Após render as homenagens ao menino Jesus, ali os Magos repousaram.
Avisados por um anjo para não passarem pelo palácio de Herodes, os Magos partiram para as suas terras, cada um por um caminho, não passando por Jerusalém.
Nesta mesma noite, por sua vez, José sonhou com um anjo que lhe recomendou fugir para o Egito, porquanto Herodes pretendia matar o menino. Partiu, de imediato, com Maria e Jesus.
Não tendo notícias dos Magos e pressentindo que fora enganado, Herodes ficou furioso e mandou que seus soldados matassem, em Belém e cercanias, todos os meninos com a idade de até dois anos.
Segundo estimativas, considerando-se a população da época, perto de 25 a 30 crianças foram barbaramente mortas para que o enviado celeste não sobrevivesse.
A salvo com Maria e Jesus no Egito, José lá permaneceu até a morte de Herodes (4d.C.), quando outro anjo lhe recomendou, em sonho, que retornasse à Palestina.
Obediente à orientação angélica, o carpinteiro regressou a Nazaré, onde Jesus viveria até o início de seu apostolado. Daí o chamarem “o nazareno”.
A visita dos Magos evidencia que o nascimento de Jesus repercutiu além da Palestina, sob o ponto de vista espiritual.
Certamente, em todas as latitudes, pessoas dotadas de grande sensibilidade, que hoje chamaríamos médiuns, foram informadas a respeito ou pressentiram que estava chegando nosso governador espiritual, com uma gloriosa mensagem de renovação para a Humanidade.
Dentre as inúmeras denominações que receberam os médiuns, em todos os tempos, Mago é uma delas.
Especula-se a respeito da estrela.
Seria um cometa? Ou a conjunção de dois ou três planetas?
Na Gênese, uma das obras codificadas por Allan Kardec, este afirma que aquela luz não podia ser uma estrela. É que na época, com poucos recursos astronômicos, eles acreditavam que pontos luminosos fossem estrelas. Acrescenta:
“Entretanto, por não ter como causa a que lhe atribuíram, não deixa de ser possível o fato da aparição de uma luz com o aspecto de uma estrela.” E, elucida que, um Espírito pode aparecer sob a forma luminosa, ou transformar uma parte do seu fluido perispirítico em foco luminoso.
Nenhuma hipótese astronômica ajusta-se perfeitamente à estrela que guiava os Magos.
Pode ter sido um fenômeno mediúnico. Médiuns videntes, só os Magos enxergavam a estrela que apontava para o oriente.
Outro fenômeno, envolvendo esta passagem evangélica, são os sonhos.
Assim, os Magos foram avisados em sonho para evitar o retorno por Jerusalém, poderiam receber informações sobre a localização do menino sem o aparato da estrela. José foi encaminhado ao Egito, e, depois foi recomendado que retornasse à Galileia por meio de sonhos.
O Espiritismo nos dá a explicação, muito simples: Enquanto o corpo dorme nosso Espírito transita pelo continente espiritual. Os sonhos são o resultado da liberdade do Espírito, durante o sono. Podendo ser composto de desejos, visões e sentimentos que se formam de maneira independente dos objetos exteriores, e até mesmo do que vivenciamos no nosso dia a dia. Lucidez espiritual durante o sonho é proporcional ao nosso estado evolutivo.
A visita dos Magos e suas dádivas originaram as tradições de presentes no Natal.
Nos dias de hoje, também podemos presentear a Jesus não só em uma data específica, mas em todos dos dias, com os “nossos tesouros”, esforçando-nos para vencer as barreiras da imperfeição e buscar a luz do amor.
Os Magos guiados pela luz da estrela buscavam um caminho para um novo tempo, uma nova era de esperança e fé.
Nós somos convidados, todos os dias, a seguir este caminho, contemplando a luz do amor que Jesus nos ensinou. Mas ainda parece que o amor verdadeiro está bem distante de nós, e, que não temos os olhos de ver.
Por meio de Jesus colocado na manjedoura, um tabuleiro como alimento para animais, o Evangelho ensina-nos que, se quisermos deixar a condição de animalidade em favor de uma espiritualidade mais autêntica, é preciso que tenhamos o Cristo, ou a Boa Nova por ele proposta, como alimento definitivo de nossas almas.
Condição esta confirmada por ele mesmo quando mais adiante nos afirma: “Eu sou o pão da vida.” Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra.
O nascimento de Jesus representa o início de uma nova era em que a justiça se converte em amor e fraternidade pura, através de sua exemplificação, meta essa a ser alicerçada em nossos corações. Antes era o homem biológico, depois o homem espiritual.
Somos filhos do Criador e d´Ele recebemos como herança todos os Seus atributos de amor. E, para tomarmos posse dessa herança vamos seguir esta estrela, que é o Evangelho, para encontrar Jesus, descobrindo, assim, nossos próprios tesouros, para render-lhe homenagens, trazendo o Cristo no coração e na mente.
As lições do seu Evangelho nos convidam ao grande esforço de cooperação e de doação no bem, ao qual devemos aderir voluntariamente, sem falsas expectativas, mas conscientes do trabalho que nos cabe realizar.