A vida na Terra não é perfeita.
Oscilações da economia com freqüência jogam por terra planos longamente acalentados.
O passar do tempo pouco a pouco dilapida o vigor físico.
Amigos e familiares desencarnam.
Por sua natureza material, a Terra é um local de transição.
Nela há certas vicissitudes inevitáveis, como a dor, a doença e a morte do corpo físico.
Esses fenômenos são comuns e até certo ponto aceitos com naturalidade.
O que possui o condão de tornar o viver terreno realmente áspero são as fissuras morais dos homens.
Fôssemos todos leais e bondosos e a vida na Terra seria um paraíso.
Mas por ora não é assim.
O egoísmo persiste forte nos corações humanos.
É ele que faz com que busquemos nossos interesses imediatos, despreocupados das tragédias e dores que causamos aos outros.
Com base nessa realidade, muitos acreditamos que a raça humana não tem jeito.
Achamos que tudo está mesmo perdido e procuramos nos envolver o mínimo possível no que ocorre a nossa volta.
Deixamos de votar, de nos indignar e de cobrar uma postura ética no comportamento político e social.
Esse gênero de comportamento não é novo.
No âmbito religioso, por séculos houve a tendência de candidatos à santificação retirarem-se do mundo.
Gastavam o tempo em cerimônias e preces, esquecidos das dificuldades dos que permaneciam envoltos nos afazeres mundanos.
A frase do Cristo, na qual ele diz que Seu Reino não é deste Mundo, costuma ser invocada como sustentáculo desse proceder.
Entretanto, Jesus jamais demonstrou desprezo pelo Mundo e por suas criaturas.
Enquanto aqui esteve, Ele se dedicou a educar e a curar os enfermos do corpo e da alma.
Em dada oportunidade, afirmou que Seus seguidores deveriam ser o sal da Terra e a luz do Mundo.
Esse enunciado certamente significa que o cristão precisa fazer a diferença.
Que ele deve agir para que o Mundo se converta em um local mais justo e fraterno.
Assim, não utilize os quadros chocantes da Terra como desculpa para cruzar os braços.
Pense que você tem um papel a cumprir no contexto em que está inserido.
Mire-se nos exemplos do Cristo e viva com muita correção.
Trabalhe, sirva, seja leal, indulgente e compreensivo.
Mas não enterre e nem esconda os seus talentos.
Saia de seu círculo mais restrito de relações e aja para que o Mundo se torne um lugar melhor.
Desenvolva ideais de elevação e pureza e os partilhe com o próximo.
Indigne-se com os desmandos da política e cobre reformas.
Sinta-se responsável pelo local em que vive.
Lentamente tudo se transforma e aprimora.
As leis humanas estão em constante aperfeiçoamento.
Certas práticas iníquas do passado, como o duelo e a escravidão, hoje não são mais admitidas.
Muitos de nós lutamos para que cada melhora ocorresse.
Reflita sobre isso e torne-se um artífice do progresso.
Você experimentará algumas dores e decepções ao se envolver em questões sociais.
Mas saberá que cumpriu a parte que lhe toca na construção de um mundo melhor.
No ocaso de sua vida terrena, quando tudo o mais se extinguir, a paz pelo dever bem cumprido persistirá em seu coração.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita