
Nada de anormal no fato de ser identificada como obsessão (seja qual grau for: simples, subjugação, fascinação, vampirismo). O que aqui se quer questionar e dar ênfase é o fato de ser acrescida do qualificativo “vítima”. Com efeito, o que se quer dizer seria que o acometido da anormalidade psíquica estaria sendo assediado por alguém desencarnado, como uma presa indefesa, por acaso, sem conexão entre causa e efeito. Em uma palavra: por simples maldade!
Entretanto, há grave erro - seja do paciente, seja do atendente da casa espírita no chamado plantão espiritual - em qualificar o primeiro como sujeito passivo indefeso, sacrificado às paixões ou interesses do ente desencarnado, que “escolheu ao léu”, “à toa”, sua incauta vítima.
O processo obsessivo não é uma rua de mão única, não é telefone de um só bocal, não é linha de rádio só emissora e sem recepção, não é agulha sem linha; como não é também fruto do acaso, como não é um acidente imprevisto e ocorrido a esmo, como ainda não é um jogo de sorte/azar.
Não, não. Tem causa. Tem às vezes muitas causas. E em nenhuma delas o paciente é vítima de ninguém. Ao contrário. É um misto de agente/paciente; é exatamente a fonte causadora do assédio espiritual, qual seja, da obsessão.
A propósito, lembremo-nos das palavras de Kardec (Evangelho Seg. o Espiritismo, Cap. XXVIII, item 16): “Os maus Espíritos somente procuram os lugares onde encontrem possibilidades de dar expansão à sua perversidade. Para os afastar, não basta pedir-lhes, nem mesmo ordenar-lhes que se vão; é preciso que o homem elimine de si o que os atrai. Os Espíritos maus farejam as chagas da alma, como as moscas farejam as chagas do corpo. Assim como se limpa o corpo, para evitar a bicheira, também se deve limpar de suas impurezas a alma, para evitar os maus Espíritos.”
Ora, trocando em miúdos, temos que um determinado Espírito é atraído, literalmente, pelas más tendências, pelos vícios, pelos defeitos, pelas ações do encarnado, com quem passa a vivenciar essas mesmas tendências, em regime de reciprocidade. Então, o obsidiado não seria vítima do obsessor, mas um parceiro, um semelhante, um igual, um sócio, um companheiro, enfim.
Tecnicamente, chamaríamos a ocorrência de “atração sintônica”: um é atraído pela sintonia de gostos e pensamentos do outro... simplesmente!
Não é por outra razão que os doutos em Espiritismo, especialmente nas ocorrências dos fatos mediúnicos (pois que a obsessão é um fato mediúnico de baixo teor fluídico, uma associação de idéias entre ambos os envolvidos), taxam-na como uma parceria. E o fazem de maneira enfática, grave, até mesmo assustadora, mas real. Vejamos, em letras garrafais para que ninguém mais diga que não viu ou não se deu conta:
A obsessão é “O ENCONTRO E A CONJUGAÇÃO DE DUAS FORÇAS SIMPÁTICAS EM PERMUTA DE AFINIDADES”. (DR. BEZERRA DE MENEZES (Espírito), em “Dramas da Obsessão”, psic.)
...De sorte que: CONJUGAÇÃO quer dizer (no dicionário comum) união, ligação, conjunção, conexão; SIMPÁTICA quer dizer atraente, apreciada, adepta, aprovada, agradável, concordante, harmônica; PERMUTA quer dizer troca consentida, transação, comércio, partilha; e, afinal, AFINIDADE quer dizer semelhança, analogia, correlação, parentesco, ligação.
Seria necessário algo mais preciso para afastar-se o sentido de vítima?!
E mais:
“É UMA INFESTAÇÃO DA ALMA, SEMELHANTE À INFECÇÃO DO CORPO CARNAL, PRODUZIDA POR VÍRUS E BACTÉRIAS.” (Prof. HERCULANO PIRES, em “Mediunidade”, pg. 57)
Enfim, em resumo, a obsessão nada mais é do que “É UMA PARCERIA SINISTRA”. (idem, pg. 65) E o Prof. Herculano conclui, depois de analisar o estado moral da humanidade terrestre, cujas mentes são verdadeira fonte de instalação do processo obsessivo - pela comunhão de idéias e pela identidade de gostos entre encarnados e desencarnados, que vibram no mesmo diapasão, pensam nas mesmas coisas e agem do mesmo jeito -, conclui que a situação é gravíssima, pois que “A OBSESSÃO TORNOU-SE O MAL DO SÉCULO”.(idem, pg. 139)
Como recomendado no Evangelho Segundo o Espiritismo, no trecho acima citado, para eliminar a obsessão, para quebrar a parceria sinistra, para “livrar” a criatura padecente, SERÁ PRECISO MELHORÁ-LA, MODIFICÁ-LA; será preciso eliminar dela o que atrai o Espírito maldoso.
E isso somente se dá com a REFORMA do ser, quebrando um dos elos da cadeia/corrente sinistra que se estabeleceu. A melhora de um deles (seja o encarnado, seja o desencarnado), põe por terra definitivamente o processo obsessivo.
E, nisso, o Espiritismo está em grande vantagem: sua bandeira maior é melhorar a humanidade, laborar o “homem novo” em cada um, por fraternidade, por caridade e por amor - como pregou o Cristo - e não por simples proselitismo, para angariar adeptos. Melhorando o Ser, estará quebrando o círculo vicioso estabelecido no processo obsessivo e, assim, estará esvaziando os manicômios e casas de saúde mental, onde uma grande parte de pacientes sofre distúrbios que poderiam ser resolvidos simplesmente com uma terapia espiritual.
Francisco Gabilan
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Muito bom, adorei vou repassar!
ResponderExcluirBem, podemos afirmar que necessariamente para que um espirito obsessor para se aproximar de um encarnado é preciso que este esteja digamos desprotegido, e isto não quer dizer que as vezes não possa haver um descuido e uma porta ficar aberta e pronto ....portanto de uma forma e de outra "orai e vigiai".
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