A violência, em suas mais variáveis
expressões, tem assumido lugar de destaque na sociedade. Jamais houve
tanto embate, tanta exclusão social e tanta multiplicidade de ideias.
Onde identificar as origens de tanta brutalidade? Com tantos recursos
tecnológicos e a sociedade sofre com esta tensão constante onde cada um
se sente ameaçado.
Um planeta que oferece intensas dicas de que a
extinção da espécie humana será possível, se não buscarmos
desenvolvimentos autossustentáveis.
Inquestionavelmente, o avanço científico
tem suscitado, em longo prazo, benefícios aos países industrializados e,
ultimamente, para os países “em desenvolvimento”. As experiências da
genética, das clonagens, das células-tronco, da cibernética, das
conquistas espaciais, do uso do raio laser, das fibras óticas, dos
supercondutores, dos microchips, da nanotecnologia são fascinantes.
Jamais houve tanta possibilidade de conquista do bem estar, da moradia,
da educação e de alimento para todos. Nada obstante, nunca existiram
tantos cidadãos desabrigados (sem-teto), famintos e, sobretudo,
desprovidos de educação. Notamos, pois, os paradoxos da hegemonia
tecnológica, ao mesmo tempo em que somos abatidos diante da fome, da
dengue hemorrágica, da febre amarela, da tuberculose, da AIDS e de todos
os tipos de drogas.
As condições psicológicas de grandes contingentes de encarnados, alimentadores do quimérico ideal do “estar bem financeiramente”, “ganhar robustos salários” e “trabalhar para enriquecer”, permanecem no caleidoscópio íntimo daqueles que ignoram os valores espirituais.
Observamos a inversão de quase todas as conquistas morais. A ansiedade
descomedida, encapsulada no egocentrismo, tem acirrado a falência moral
de muitos indivíduos desprevenidos. As anomalias morais nas expressões
de desordem e de brutalidade são nítidos indicativos de declínio moral
dessa massa humana.
O homem contemporâneo articula meios para a conquista da paz produzindo armas de fogo; almeja resolver as aberrações sociais patrocinando a construção de penitenciárias e prostíbulos.
Entroniza a pujança da razão
sem recorrer ao suporte da fé em Deus, motivos esses suficientes para
que se aniquile ante o duelo entre o “ser” e o “ter”. A coeva situação
de violência, maldade, injustiça e opressão dos poderosos sobre os
fracos, tanto em nível individual, como em instituições e países,
certamente terá que ceder lugar a uma NOVA ERA de paz, harmonia,
fraternidade e solidariedade.
Apesar das controvérsias, e longe de um otimismo surreal, reconhecemos existir encarnados que com simples atos fazem a diferença na sociedade! Em tais pessoas identificamos a tendência altruística que já paira sobre alguns agrupamentos sociais. É o ser humano em processo de aperfeiçoamento.
Os Espíritos afirmam que os tempos são chegados, e a
regeneração é um fato. Em que pese existir delinquência, guerra, fome,
miséria, descrença na Terra, não ignoramos que há um número cada vez
maior de pessoas que sofrem pelos outros, que pranteiam o choro do
semelhante e que se empenham firmemente em realizar algumas coisas para
além de si mesmas.
Lamentavelmente as reportagens, os documentários, os telejornais, as mídias enfim, não destacam, ou raramente dão espaço para noticiar as práticas desses abnegados cristãos. Apesar de seu anonimato, essas pessoas existem; estão entre nós e já são numerosas, graças a Deus! Quem tem sensibilidade para identificá-las perceberá que não são santarrões ou apóstolos dissimulados, não ostentam necessariamente rótulos religiosos; pelo contrário, são pessoas “comuns”.
Todavia já se destacam
na qualidade das ações, dos ideais, dos sentimentos em bases de
fraternidade e solidariedade. O Evangelho explica que são esses os
sentimentos estruturais dos mundos em regeneração.
Por oportuno, vale lembrar, mormente aos espíritas, que não adianta frequentar um Centro Espírita, cumprir rigorosamente os compromissos estatutários da instituição, fazer palestras arrebatadoras etc., etc., etc., para ser um bom cidadão.
Os Benfeitores do Além advertem que o
verdadeiro espírita (aquele que contribui com a efetiva transformação
social) é aquele que pratica a lei da Justiça, do Amor e da Caridade na
sua maior pureza. Nesse sentido, estejamos cônscios de que não será o
“rótulo” de espírita cristão que terá algum valor nesse desígnio, mas o
bem praticado desinteressadamente em favor de alguém.
Hoje, em que todas as conquistas do progresso se submerjam nas intransigências, o Evangelho Segundo o Espiritismo é a poderosa resposta para as questões sociais, por significar a Mensagem de Jesus rediviva que as religiões textualistas tentam sepultar nos interesses mercantis e no concerto leviano de seus partidários.
Recompondo os ensinos de Jesus para o
homem e elucidando que os valores verdadeiros da criatura são os que
resultam da consciência e do coração.
O Espiritismo reafirma a verdade
de que a cada homem será dado de acordo com seus merecimentos, no
empenho pessoal, dentro da aplicação da lei do trabalho e do bem, razão
pela qual representa o melhor antídoto dos venenos sociais atualmente
espalhados no mundo pelas filosofias políticas do contrassenso e da
cobiça colossal, restaurando a verdade e a concórdia para os corações,
conforme doutrinam os Espíritos da Codificação.
por Jorge Hessen
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