Pessoas e potes de geleia

reflexão
Transformamos as pessoas em potes de geleia.

Sim, toda vez que julgamos precipitadamente, que criamos rótulos, estamos comparando as pessoas a objetos.

Objetos podem, muitas vezes, ser facilmente explicados, descritos, compreendidos. Basta um desenho, um esquema, ou algumas palavras e está tudo resolvido.

São conhecidos os jogos de mímica, nos quais os oponentes precisam adivinhar uma palavra, uma frase, através da compreensão dos gestos do outro.

O problema está quando desejamos usar essa nossa habilidade de descrever rapidamente alguma coisa, no convívio com as pessoas.

Pessoas são Espíritos, almas complexas, de realidades múltiplas e possibilidades infinitas.

Avaliá-las com superficialidade é desrespeitá-las em sua essência divina.

O grande escritor russo Léon Tolstoi afirma que um dos nossos preconceitos mais comuns e disseminados, é o de que cada pessoa tem uma característica fixa.

Segundo ele, tal preconceito faz com que existam apenas pessoas boas ou pessoas más; pessoas inteligentes ou pessoas estúpidas; pessoas frias ou pessoas quentes.

Muitas vezes, com o objetivo de simplificar, nós empobrecemos e menosprezamos as pessoas.

Nossos próprios hábitos de linguagem precisam ser revistos, pois muitos deles nos acostumam ao rótulo fácil.

Voc̻ lembra de Fulano de tal? РṆo, ṇo lembro. РResponde o outro.

Aquele magrinho com nariz pontudo, lembra?

Ah, sim, claro, agora lembrei!

Aí se encontra o embrião do vício dos rótulos.

Pode ser uma observação sem maldade, que apenas ajude a lembrar mais facilmente das pessoas, mas, por vezes, desenvolve em nós essa prática desagradável.

Logo mais, estaremos nos servindo, habitualmente, de expressões como: Beltrano é falso mesmo. Cuidado com o que ele diz!

Obviamente que podemos identificar as dificuldades das pessoas. É algo comum na vida de relacionamento.

Mas, avaliar toda uma personalidade, todo o universo de um Espírito reencarnado, e resumi-lo em uma frase, em um rótulo, é pequeno e simplista demais.

Aplicando um rótulo a alguém, principalmente os negativos, estamos afirmando que ele não é capaz de mudar, de crescer.

Estamos dizendo que a pessoa é assim e pronto.

Também aplicamos rótulos a nós mesmos.

Colamos na testa um adesivo dizendo: Sou teimoso. Não pense em vencer qualquer discussão comigo.

É uma autorrotulagem, uma expressão de acomodação perante uma imperfeição, da qual, muitas vezes chegamos a nos orgulhar.

Até mesmo os rótulos positivos são preocupantes.

Quando, por exemplo, aquele amigo que carregava em sua fronte o rótulo de bonzinho, faz conosco algo que mostra uma característica oposta, vem a decepção.

Nunca esperava isso dele. – Expressão típica de quem não conhece o outro em profundidade, e que preferiu ficar na superficialidade da rotulagem.

* * *

Todos somos almas sendo automoldadas a todo instante.

Nem temos imperfeições fixas, que ficarão para sempre conosco, nem virtudes em grau de excelência, que não nos permitam o equívoco em situação alguma.

Lembremos: rótulos são para potes de geleia, e não para pessoas.

Redação do Momento Espírita, com citações extraídas
do livro Pensamentos para uma vida feliz,
de Léon Tolstoi, ed. Prestígio, 1999.
Centro Espírita Luz da Esperança

Blog do Centro Espírita Luz da Esperança de São Francisco de Assis. Atendimentos a luz da doutrina de Allan Kardec, localizado em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, Brasil.

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