Porque é necessário que venham escândalos

“Jesus nada disse de absurdo para todo aquele que apreende o sentido alegórico e profundo de suas palavras; mas muitas coisas não podem ser compreendidas sem a chave que delas nos dá o Espiritismo.” (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 8, item 17.)
Em O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 8, item 11, Allan Kardec transcreve a passagem em que Jesus fala sobre o escândalo (S. Mateus, cap. XVIII, v. de 6 a 11): “Ai do mundo por causa dos escândalos; porque é necessário que venham escândalos; mas ai do homem por quem o escândalo venha”. Parece uma contradição: “... é necessário que venham escândalos, mas ai do homem por quem o escândalo venha”.

Inicialmente a explicação sobre o que é considerado escândalo: “Diz-se de toda ação que choca com a moral ou a decência de um modo ostensivo. No sentido evangélico, a acepção da palavra escândalo, tão frequentemente empregada, é sempre mais geral e, por isso, não se lhe compreende a acepção em certos casos. Não é mais somente o que ofende a consciência de outrem, é tudo o que resulta dos vícios e das imperfeições dos homens, toda reação má de indivíduo para indivíduo, com ou sem repercussão”.

É necessário que venham escândalos porque os seres humanos são pouco evoluídos. Sabem, ainda, pouco sobre as leis divinas, e praticam menos do que sabem. Consequentemente fazem muitas coisas em desacordo com as referidas leis. É preciso entender por estas palavras que o mal é uma consequência da imperfeição dos homens, e não que haja para eles obrigação de praticá-lo. 

Com outras palavras, o agir em desacordo com as leis divinas é uma consequência natural da imperfeição humana, no atual estágio evolutivo. Mas se ele não tentar, não experimentar, não exercitar o seu livre-arbítrio, não se desenvolve, não evolui. Escolhendo mal, sofre as consequências do mal praticado e aprende. Escolhendo bem, agindo corretamente, evolui mais depressa. Mas sempre evolui. Sem liberdade para fazer escolhas não há crescimento, não há responsabilidade. Se agir mal, pune a si mesmo pelo contato com seus vícios, dos quais é a primeira vítima, acabando por compreender seus inconvenientes. Quando estiver cansado de sofrer no mal, procurará o remédio no bem - esclarece o codificador.

Mas ai daquele por quem o escândalo venha, porque aquele que mesmo inconscientemente serviu de instrumento para a justiça divina, cujos maus instintos foram utilizados, não deixou de fazer o mal e deverá sofrer-lhe as consequências. Esta e várias outras passagens dos ensinos de Jesus só podem ser bem compreendidas à luz da Doutrina Espírita. 

Conforme bem disse Allan Kardec, “muitas coisas não podem ser compreendidas sem a chave que delas nos dá o Espiritismo. Qual é essa chave? – A reencarnação (pré e pós-existência do Espírito), o livre-arbítrio, a lei do progresso, a lei de causa e efeito. Com esses ensinamentos, entendemos que o ser humano é, ainda, pouco evoluído e que, mesmo inconscientemente, age em desacordo com as leis divinas, porque não é um ser pronto, acabado. É um ser em evolução, à medida que for desenvolvendo as qualidades que foram colocadas por Deus, desde o início, vai compreendendo as leis divinas, e harmonizando seu proceder com essas leis, vai deixando de errar, e, consequentemente, deixa de sofrer as consequências dos erros.
Centro Espírita Luz da Esperança

Blog do Centro Espírita Luz da Esperança de São Francisco de Assis. Atendimentos a luz da doutrina de Allan Kardec, localizado em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, Brasil.

1 Comentários

  1. Essa passagem do Evangelho me consola em momentos de grandes conflitos, tragedtra, ou crimes que chocam pela brutalidade...tento nessas ocasiões refletir sobre o motivo de ainda acontecerem essas catástrofes, e "Caio na real" sobre ainda precisarmos evoluir muito. (Mas fico feliz de ao menos reconhecer essa necessidade!)

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