Grace Fishwick, uma inglesa, de 9 anos, é uma criança carinhosa, que adora cantar, dançar, mas, segundo a ciência, ela sofre de mutação genética rara, chamada de Síndrome de Smith-Magenis (SMS)(1), patologia que causa retardo mental e distúrbios de comportamento e a faz tornar-se violenta de súbito e agrida outras pessoas e a si mesma. Tais episódios podem durar alguns minutos e às vezes até três horas. A mãe de Fishwick compara sua filha ao personagem de O Médico e o Monstro. "Em um minuto, ela está brincando alegremente com seus brinquedos, no outro, nos agredindo ou atacando a si mesma” explica a genitora.
Sabe-se que a doença de Fishwick é de causa genética, embora não hereditária. É uma patologia genética pouco conhecida no Brasil e sua incidência no mundo é de 1 criança afetada a cada 25.000 nascidas vivas. Muitas crianças portadoras da “SMS” estão sendo acompanhadas como portadoras de deficiência mental sem causa definida ou como autistas. Para os pesquisadores, as características de comportamento e o atraso no desenvolvimento são os que se tornam mais significativos.
Há retardo do desenvolvimento neuropsicomotor perceptível nos primeiros anos de vida, atraso significativo de linguagem, hiperatividade com déficit de atenção, várias formas de auto-injúria – bater a própria cabeça, morder-se, beliscar-se, puxar a pele, dificuldade para conseguir asseio corporal independente, acessos de birra (prolongada), raiva, agressão, mau humor, desobediência, teimosia, autoextirpação das unhas.
Como poderemos interpretar o “caso Grace Fishwick” sob o ponto de vista Espírita?
Especialistas tentam ajudar esses irmãos enfermos, inclusive na fase inicial de seus estudos.
Especificamente no campo da genética, alguns estudiosos mais ousados já relacionam algumas doenças de origem nervosa e mental, sendo induzidas pela influência dos espíritos; todavia, os preconceitos de sempre impedem que as pesquisas avancem.
Apesar de poucos informes científicos, há muitas evidências de que o processo obsessivo e/ou auto-obsessivos (caracterizado por manipulações e interposições de fluidos tóxicos) exerça papel importante na fisiopatogenia das doenças no corpo físico e espiritual, por vezes evoluindo para quadros patológicos gravíssimos.
Em qualquer caso, no entanto, o doente é responsável por todos os sinais e sintomas que apresenta, considerando ser ele o mentor intelectual de todos os seus equívocos, passados e presentes. Assim sendo, em dado momento da vida, começa a tomar consciência dos resíduos nefastos do inconsciente e a partir daí exercita-se em culpas, que geram cobranças. Então teremos os conflitos interiores, com o pensamento fixado em alguma coisa, tanto em vigília como em desdobramento.
Após a instalação do quadro mórbido, o enfermo caminha com desinteresse total pela vida, isola-se e apresenta baixas vibrações em seu campo eletromagnético, permitindo a partir deste momento a afinização com irmãos em grandes desequilíbrios – terríveis cobradores – evoluindo assim com graves quadros específicos que se enquadram nas doenças neurológicas e mentais.
O drama Fishwick nos remete a um provável caso de “emersão do passado”, ou seja, tudo procede dela mesma. Ante a aproximação espiritual de antigo desafeto, que certamente ainda a persegue do plano espiritual, revive a experiência dolorosa do passado e perturba-se-lhe a vida mental, necessitando de mais ampla reeducação. É um caso no qual se faz possível a colheita de valiosos ensinamentos.
Toda e qualquer patologia física ou mental tem uma causa explicável. A menina Fishwick tem imobilizado grande coeficiente de forças do seu mundo emotivo em torno da experiência desastrosa do pretérito, a ponto de semelhante cristalização mental haver superado o choque biológico da reencarnação, prosseguindo quase que intacta no novo corpo físico.
Fixando-se nessa lembrança, quando instada de mais perto pelo perseguidor do além, passa a comportar-se qual se estivesse ainda no passado que teima em ressuscitar. Sem dúvida, em tais momentos, é alguém que volta do pretérito a comunicar-se com o presente, porque ao influxo das recordações penosas de que se vê assaltada, centraliza todos os seus recursos mnemônicos tão somente no ponto nevrálgico em que viciou o pensamento.
Para o especialista comum, é apenas uma candidata a algumas formas de tratamento médico; entretanto, para o espírita, ela pode ser uma enferma espiritual, uma consciência torturada, exigindo amparo moral e cultural para a renovação íntima – única base sólida que lhe assegurará o reajustamento definitivo. “A obsessão, sob qualquer modalidade em que se apresente, é enfermidade de longo curso, exigindo terapia especializada, de segura aplicação e de resultados que não se fazem sentir apressadamente”(2).
A ação fluídica de qualquer nível de obsessão [ou auto obsessão] sobre o cérebro, se não for removida a tempo, dará, necessariamente, em resultado, o sofrimento orgânico daquela víscera, tanto mais profundo quanto mais tempo estiver sob a influência deletéria daqueles fluidos.”(3)
Em todas as épocas da história das civilizações existiram doentes psíquicos que sofriam influências nefastas de obsessores, e, em alguns casos, envolvendo personagens que se celebrizaram por seus atos. Nabucodonosor II, rei dos Caldeus, sofreu uma licantropia e pastava no jardim do palácio como um animal.
Tibério, envolvido por muitos espíritos cobradores, cometeu muitos deslizes, com muita malignidade. Calígula e Gengis-Khan marcaram presença em função de suas aberrações psicóticas. Domício Nero, em função de grandes desequilíbrios psíquicos, entre tantos equívocos, mandou assassinar a mãe e sua esposa, e, depois, as reencontrava em desdobramentos. Dostoiévski sofria de ataques epilépticos.
Nietzsche perambulou pelos asilos de alienados. Van Gogh cortou as orelhas num momento de insanidade e as enviou de presente para sua musa inspiradora, findando, posteriormente, a vida, com um tiro. Schumann, notável compositor, atirou-se ao Reno, sendo salvo pelos amigos e internado num hospício, onde encerrou a carreira. Edgar Allan Poe sucumbiu arrasado pelo álcool e tendo visões infernais.
Obviamente, nós espíritas respeitamos as orientações dos profissionais da área de saúde, evitando equívocos como: fazer diagnósticos, trocar e/ou suspender medicamentos e, às vezes, tornar o quadro dos pacientes mais grave que verdadeiramente o são. Compete à medicina, ao tratar seus pacientes, admitindo a hipótese de obsessão, ainda que não comprovada academicamente, pedir ajuda às casas espíritas que exercem suas atividades com objetivos sérios, seguindo os postulados do Cristo e os preceitos da Doutrina Espírita.
Cremos que o passe magnético é de grande importância no tratamento desses irmãos, considerando a oportunidade de polarização de fluidos, dissipando fluidos tóxicos e interpondo fluidos benéficos. Sabemos do valor indiscutível da água magnetizada (fluidificada) – que é de grande importância, também, no reequilíbrio do doente, considerando que nela são introduzidos fluidos potencializados pelas emanações de energias provindas das irradiações de minerais, vegetais e animais.
Indispensável, igualmente, é o Culto do Evangelho no Lar, considerando a oportunidade de leitura do Evangelho e a reflexão sobre seu conteúdo, além das preces que poderão ser proferidas, permitindo crescimento interior, o exercício da fé, gerando transformações ao nível de renúncias de viciações e paixões inferiores, permitindo a vigilância do Ser em seus pensamentos, palavras e atos e muitos outros benefícios que, aos poucos, vão aperfeiçoando o espírito e diminuindo as doenças na Terra.
Fonte: Jorge Hessen
Referências bibliográficas:
(1) A SMS afeta uma a cada 25 mil crianças e costuma ser confundida com autismo pelos médicos
(2) Franco, Divaldo Pereira. Nos Bastidores da Obsessão, Ditado pelo Espirito Manuel Philomeno de Miranda, RJ: Ed. Feb , 1995, 7a edição.
(3) Menezes, Adolfo Bezerra de Menezes – A Loucura sob um Novo Prisma, 2ª edição, 1987, FEB-RJ